Caro futuro amor da minha vida.
Fiquei sabendo por meio da minha astróloga (que também é cartomante nas
horas vagas), que você viria em junho, e confesso que mesmo te esperando desde
que me entendo por gente, de te ver em todos os filmes da Disney, te imaginar
nos meus sonhos e achar que enfim era você todo Zé Mané que eu fiquei, eu
queria que você se atrasasse um pouquinho, sabe?
É que os tempos mudaram, eu mudei, tenho tantas coisas pra fazer, fiz
tantos planos para essa época, que me assusta um pouco essa possibilidade de
você chegar, e eu com tanta coisa na minha mente nem “tchum” pra você... Vamos
deixar pra dezembro, para o ano que vem ou pra depois das olimpíadas, pode ser?
Pra ser sincera, (afinal todo grande amor começa com sinceridade) de
todos esses planos que te falei, nenhum inclui você. Tanta coisa
aconteceu na minha vida, meus valores mudaram tanto, que nessa fase tão “curada”
de tudo que eu me encontro, eu nem tô afim de viver grandes sentimentos, ter
frio na barriga, ficar com cara de boba, olhar distante, pensar o dia inteiro, nem sentir aquela coisa toda quando você chegar. Não quero mais viver o: “mando
whatsapp ou não?”, “será que aquela da foto é amiga?” “por que teve tic azul e
ele não me respondeu?”, “chamo ou não chamo?”, “convido pra festa?”, "Quem
é essa piranha que ele adicionou?" e nem nenhuma dessas infinitas questões
que aparecerão repentinamente, no momento exato em que você adentrar na minha
vida. Ando meio sem saco pra emoções. Quero trabalhar, estudar, viajar,
me divertir e namorar sim bastante, mas sem esse peso absurdo que me dá essa
coisa de "grande amor".
Mas pensando bem, por que você não aproveita esse tempo ai a mais que
você vai ter e pesquisa um pouco sobre mim? Descubra o que eu gosto, minhas
preferências, como sou, o que escuto, se quiser puxa até minha árvore
genealógica e já mapeia todas as possibilidades dos nossos filhos e a gente
pula todos esses meses de descobertas, escolhas erradas, filmes que não me agradam,
músicas que eu não suporto, regatas que eu não posso nem olhar, flores que sou
alérgica, presentes que me deixam frustrada e todo tipo de coisa que de nada
somará no nosso romance e que no fim das contas será só perda de tempo mesmo e
munição para nossas brigas futuras, afinal, você pode até ser o meu grande amor,
mas perfeito a gente sabe que não será né...
Então sei lá sabe, esquece um pouco essa coisa que o Frejat e a Angela
Rô Rô falaram de “não chegar na hora marcada” e deixa de ser assim porque tudo
mudou!!! Hoje em dia todo mundo avisa tudo: O que come, bebe, faz e não faz pelo
Facebook, Twitter, Instagram e afins. Então, me avisa sim a hora que vai chegar,
afinal eu não quero ter nenhuma história de constrangimento, estar bêbada, com
a calcinha furada, não estar devidamente depilada, estar ficando com outra
pessoa, dançando Macarena em algum Karokê de uma China Town qualquer , nem estar vivendo nenhum tipo de
mico histórico pelo qual você me zoará o resto da vida. Já que não tenho
escolha e você vai aparecer de qualquer maneira como uma espécie de “encosto
bondoso”, pelo menos me deixe estar minimamente preparada, larga dessa coisa de
destino, acaso, momento, espontaneidade,
sincronicidade, telepatia, serendipidade, blá blá blá blá de Augusto Cury e me avisa ok?
(De preferência fala a cor da blusa e mais uma referência só pra eu não
ter dúvidas mesmo, afinal, se pesquisar bem sobre mim, vai perceber que foco
nunca foi meu forte)
Do seu futuro grande amor.
Eu.
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